sábado, 28 de fevereiro de 2015

“O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry, um clássico intemporal e para todas as idades.



A dedicatória deste livro tocou-me. O autor dedica esta obra a um amigo que, em França, passa fome e frio, e à criança que ele um dia foi. Porque, simplesmente, todos os adultos, um dia, já foram crianças.
A narrativa começa com a história de um principezinho que vivia num asteroide e usava um cachecol a flutuar ao vento. Um dia aquela criança visitou a terra e encontrou um piloto com o seu avião avariado no deserto do Sahara. O menino pede-lhe que ele lhe desenhe uma ovelha. Depois de várias tentativas para desenhar a ovelha, e perante o desagrado do principezinho, o piloto desenha-lhe uma caixa e diz-lhe que a ovelha está lá dentro. E assim o principezinho fica todo contente.
A partir daqui desencadeia-se um diálogo em que o principezinho nunca desiste das perguntas que faz ao piloto. Mas este nem sempre encontra resposta para as suas perguntas tão simples.
A casa do principezinho é um asteroide tão pequeno que só lá vive ele. Lá, onde vive, cuida de uma flor que é fingida e exigente e dos vulcões em atividade que dão muito jeito para lhe aquecer o pequeno-almoço.
Como vive na região dos asteroides, decide visitá-los.
No primeiro encontra um rei solitário, sem súbditos e que ao ver o principezinho decide exercer sobre ele toda a sua autoridade.
No segundo planeta encontra um vaidoso que pede ao principezinho para o admirar e bater palmas.
O terceiro planeta é habitado por um bêbado, que bebe para se esquecer que tem vergonha de beber.
O quarto planeta é habitado por um homem de negócios, que passa o tempo a contar milhões e a dizer, repetidamente, que é um homem sério.
O quinto planeta é habitado por um acendedor de candeeiros que passa o tempo a apagar e a acender um candeeiro (a cada minuto), mas não sabe o porquê, apenas vai dizendo que ordens são ordens. E ele tem de cumprir as ordens.
O sexto planeta é habitado por um geógrafo que estuda os mares, os rios, as cidades, as montanhas e os desertos. Mas nem sequer sabe se existe mar naquele planeta, porque nunca sai do gabinete. Do que gosta mesmo é de instaurar inquéritos a quem ali chega.
Ao visitar cada um dos planetas, o principezinho lá vai dizendo que as pessoas crescidas são mesmo muito esquisitas, só se interessam por números e não dão importância às coisas invisíveis.
O último planeta a visitar é a Terra e… mais não digo… Leiam o livro.
Simplesmente lindo e tocante! Sem limite de idade para ser lido. Recomendo vivamente.
Ana Simão


Sinopse
Antoine de Saint-Exupéry publicou pela primeira vez «O Principezinho» em 1943, em Nova Iorque, quando recuperava de ferimentos de guerra em Nova Iorque, um ano antes do seu avião Lockheed P-38 ter sido dado como desaparecido sobre o Mar Mediterrâneo, durante uma missão de reconhecimento. Mais de meio século depois, a sua fábula sobre o amor e a solidão não perdeu nenhuma da sua força, muito pelo contrário: este livro que transformou-se numa das obras mais amadas e admiradas do nosso tempo, é na verdade de alcance intemporal, podendo ser inspirador para leitores de todas as idades e de todas as culturas.
O narrador da obra é um piloto com um avião avariado no deserto do Sahara, que, tenta desesperadamente, reparar os danos causados no seu aparelho. Um belo dia os seus esforços são interrompidos devido à aparição de um pequeno príncipe, que lhe pede que desenhe uma ovelha. Perante um domínio tão misterioso, o piloto não se atreveu a desobedecer e, por muito absurdo que pareça - a mais de mil milhas das próximas regiões habitadas e correndo perigo de vida - pegou num pedaço de papel e numa caneta e fez o que o principezinho tinha pedido. E assim tem início um diálogo que expande a imaginação do narrador para todo o género de infantis e surpreendentes direcções. «O Principezinho» conta a sua viagem de planeta em planeta, cada um sendo um pequeno mundo povoado com um único adulto. Esta maravilhosa sequência criativa evoca não apenas os grandes contos de fadas de todos os tempos, como também as extravagantes «Cidades Invisíveis» de Ítalo Calvino. Uma história terna que apresenta uma exposição sentida sobre a tristeza e a solidão, dotada de uma filosofia ansiosa e poética, que revela algumas reflexões sobre o que de facto são os valores da vida.

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 6º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada - Grau de Dificuldade III.

Ficha Técnica:
Título: O Principezinho
Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Editora: Editorial Presença
37ª edição

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Viagem ao Fim do Coração de Ana Casaca

Entrei no livro e não conseguia sair. No início, deparo-me com o nascimento de um bebé numa família completamente destruturada (como se diz agora). Pedro nasce de um pai alcoólico e agressivo e de uma mãe (que não merece esse nome) que ao fim de um mês sai porta fora e abandona tudo e todos. Tudo isto acontece num ambiente marcado por violência doméstica onde já existia uma filha, Luísa com 9 anos, (ainda criança) que de repente se vê com a responsabilidade de ser “mãe” daquele pequeno ser abandonado. Acabam por ficar os dois sozinhos. Luísa não tem infância, cresce à força. As agruras daquela vida fazem de Luísa uma rapariga e uma mulher forte, que cresceu à pressa.

Quando em adultos, a vida dos dois irmãos (inseparáveis) parece estar encaminhada, um cancro entrou na vida de Luísa para a desafiar. Quase ao mesmo tempo em que esta doença, de nome feio, entra no corpo de Luísa, surge, inesperadamente, o amor. De um lado (se é que a vida tem lados) um amor que não se abala, apesar da doença. Do outro a doença a avançar com toda a sua crueldade e a impedir Luísa de comer, de engolir, quase de falar e até de beijar… E logo a Luísa que nunca tinha recebido carinhos de ninguém! A luta de Luísa é inacreditável, desloca-se para as sessões de quimioterapia de bicicleta para assim sentir o pulsar da vida que ela agarra com todas as forças.

Apesar da minha doença não ser nada comparada com o cancro da Luísa, pessoalmente, revi-me em muitas situações, nomeadamente no ambiente hospitalar, no medo de ficar dependente para as coisas mais básicas da vida e na fragilidade que sente enquanto ser humano.

Já tinha lido “Todas as Palavras de Amor” de Ana Casaca e surpreendi-me pela positiva. Em “Viagem ao Fim do Coração” voltei a surpreender-me ainda mais, porque a escritora tem o dom de descrever emoções e sentimentos de uma forma envolvente e cativante, como se lá estivéssemos, da primeira à última página. Mantém o suspense, de tal forma, que “a páginas tantas” (literalmente) não aguentei mais e fui até ao fim do livro antes de lá ter chegado.

Recomendo!
Ana Simão


 Sinopse:
"Num romance toda a nossa vida: como a queremos, como às vezes não a queremos. Luísa ainda era uma adolescente. Tiago já era um jovem adulto. Conheceram-se na solidão de uma pequena praia, na margem de um rio. Tinham em comum uma relação familiar traumática. Num caso, o trauma do amor dos pais. No outro, o trauma do ódio dos pais. Conheceram-se num dia que pareceu conter uma vida inteira. Mas teriam ficado separados para sempre, se a invisível linha de uma doença que rói o corpo e anuncia a morte não os tivesse voltado a ligar, dezasseis anos depois. Luísa e Tiago podem até redescobrir o amor, mas apenas se a silenciosa presença das metástases não se alastrar aos seus corações. Viagem ao Fim do Coração é mais do que uma comovente história de amor. É a recriação de um admirável mundo de pais e mães, filhos e irmãos, ódios e amores. Revela os pesadelos de um cancro injusto, mas não abdica do que é humano e essencial, o sonho. " retirado do site da Guerra & Paz, Editores

Viagem ao Fim do Coração de Ana Casaca
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 328
Editor: Editora Guerra & Paz
ISBN: 9789897021152

Biografia:
Ana Casaca, 37 anos, é natural de Lisboa. Licenciada em Direito, sempre soube que era na escrita que residia a sua verdadeira vocação. Troca as leis pelas letras e, em 2002, inicia-se no guionismo pela mão de Manuel Arouca, que a convida a integrar a equipa de escrita da telenovela Filha do Mar (TVI, 2002).
Participou na escrita de Baía das Mulheres (TVI, 2005), Tu e Eu (TVI, 2007), Podia Acabar o Mundo (SIC, 2008) e no arranque de Rosa Fogo (SIC, 2011) e Bem-vindos a Beirais (RTP, 2013-2014). Adaptou, com Tomás Múrias, o guião para a série O Regresso a Sizalinda (RTP, 2006). Neste momento, integra a equipa de argumentistas da sequela de Jardins Proibidos (TVI, 2014).

Outros Romances:
A VONTADE DE REGRESSO (2002)
TODAS AS PALAVRAS DE AMOR (2013)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

SEARAS AO VENTO do autor Nuno Franco Pires

O “Searas ao Vento” é um livro marcante e intemporal. O escritor consegue a magia de nos transportar para o Alentejo profundo do séc. XX, no Portugal onde as vidas não eram mais do que searas lançadas ao vento, encarregues ao seu próprio destino. A acção passa-se no Portugal no século XX e desenrola-se ao longo de cinco gerações. Nuno Franco Pires consegue um retrato fiel do Portugal, onde se acrescentava água ao feijão para a comida chegar para todas as bocas; onde a taxa de mortalidade infantil era muito elevada; onde uma grande maioria não sabia ler nem escrever; onde se trabalhava no campo de sol a sol; no Portugal dos que partiam para África; no Portugal que acalentava sonhos que ficavam por cumprir. Na contra capa pode ler-se o comentário do escritor Pedro Chagas Freitas: "Há obras que conseguem, pela facilidade com que remexem nas entranhas de quem as lê, deixar marcas profundas. Searas ao Vento é uma delas."
Obrigada, Nuno Franco Pires, por esta viagem tão sentida e emocionante. Obrigada por esta escrita tão fluída e tão marcante, que consegue prender e agarrar o leitor pelos colarinhos. Não deixe de escrever nunca.
Recomendo,
Ana Simão

SINOPSE
Olga é uma septuagenária que ocupa os seus dias entre as lides domésticas e as memórias das histórias de família que, embora passadas, continuam presentes. Vai dar-nos a conhecer a irmã que enviuvou na flor da idade e se vê forçada a reconstruir o seu caminho; a mais nova vive um amor não correspondido que lhe vai ser fatal; os sobrinhos, órfãos, que requerem os seus cuidados e a levam a tomar uma difícil decisão; a filha que enfrenta tudo e todos por um grande amor; o filho enredado entre dois amores; a filha do meio, inadaptada à rígida moral da época, que apenas quer ser feliz; ou ainda, o irmão mais velho que vai para Angola em busca de melhores condições de vida. Searas ao vento é uma obra de ficção inspirada em histórias reais que, atravessando o século XX, nos apresentam um Alentejo rural, ao longo de cinco gerações.

BIOGRAFIA DO AUTOR
Nuno Franco Pires, nasceu em Elvas em 1975 e é um alentejano orgulhoso das suas raízes. Gosta de escrever - sempre gostou. Começou por pequenas histórias, onde os amigos de infância eram os protagonistas, passando pelo blog Dualidades (asdualidades.blogspot.com) do qual foi coautor e onde abordava temas que marcavam a actualidade. Cativam-no as relações humanas e a interacção entre as pessoas; é sobre elas que escreve. Searas ao Vento é o seu primeiro romance.





FICHA TÉCNICA
• Autor: Nuno Franco Pires
• Data de publicação: Dezembro de 2014
• Número de páginas: 288 • ISBN: 978-989-51-2634-7
• Editora: Chiado Editora
• Colecção: Viagens na Ficção
• Género: Romance